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segunda-feira, 23 de abril de 2018


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A teoria da identidade social tem sua origem na psicologia social e busca compreender quais os aspectos psicológicos que unem um grupo e o que faz com que ele seja reconhecido enquanto tal por outros. 
Porém, esses grupos de pertença não são pequenos, mas em larga escala, por exemplo a identificação entre indivíduos e uma nação, uma raça ou uma religião.  (..)


Segundo Peter Burke “a teoria da identidade social é uma teoria da psicologia social no campo da sociologia e atenta para o entendimento das identidades, suas fontes na interação e na sociedade, seus processos de operação e suas consequências para a interação em sociedade” (BURKE, 2009). Basicamente, a pergunta que sociólogos e psicólogos se questionam é: o que quer dizer ser o que você é?

Uma identidade é o conjunto de significados que define alguém enquanto desempenha algum papel em particular em uma sociedade. Por exemplo, uma pessoa pode ser em seu ambiente de trabalho médico, mas no âmbito familiar pode ser um irmão e pai. Logo, as pessoas possuem múltiplas identidades porque pertencem a diferentes lugares, desempenham diferentes papéis e são um complexo de características.
Compreender o que constitui uma identidade social é buscar interpretar como essas múltiplas identidades se relacionam em cada indivíduo, como essas identidades se relacionam com o comportamento, pensamentos e emoções e como essas identidades se relacionam com o todo, com a sociedade (BURKE, 2009, p. 3).
Sendo assim, essa teoria busca de fato relacionar indivíduo e sociedade, percebendo-os como mutuamente influenciáveis. O indivíduo não é apenas receptor das coerções da sociedade e a sociedade não é uma coleção de indivíduos. Portanto, as características individuais são um complexo formado pelas influencias da sociedade e pelas escolhas individuais. Ao mesmo tempo essa mesma sociedade não é uma construção abstrata incausável, mas é fruto do conjunto de ações destes indivíduos. As teorias sobre identidade social buscam justamente compreender como acontece este entrelaçamento.

Família e escola

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A instituição escolar, representada por diversos sistemas, rotinas e didáticas, abrem, diariamente, a porta do conhecimento aos seus alunos. Um universo lúdico, repleto de descobertas, experiências, vivências e até fantasias, refletem no desenvolvimento e aprendizagem com expectativas positivas a ponto de alcançar o sucesso educacional – e pessoal.
A família, por outro lado, é a representação mais poderosa na influência e desenvolvimento da personalidade e formação de consciência da criança. A base extremamente estabelecida no âmbito familiar provoca uma sensação prazerosa às crianças, que encontram um espaço natural para  o seu desenvolvimento, cultivo de valores humanos, solidificação da responsabilidade e uma segurança inigualável. 
Estabelecer um vínculo entre os pais e a vivência escolar dos seus filhos não é tarefa fácil. Mas esse elo consegue suprir necessidades físicas, psíquicas e sociais, que as crianças tanto necessitam. Além do ensino nas salas de aula, os deveres de casa e as brincadeiras, a criança precisa de afeto, incentivo e elogios.
Um dos papeis da escola é estabelecer parâmetros para a criança crescer como ser humano, ser protagonista de sua própria história, envolver a família no ensino-aprendizagem e resgatar a dimensão ética do conhecimento. 
 “As crianças gostam muito, sentem-se orgulhosas e importantes ao verem os pais no seu espaço, reforça a parceria entre a família e a escola, proporcionando mais segurança e alegria, o que é fundamental para a aprendizagem”.
Promover a integração da família na escola é uma alternativa para embarcar no período de maior descobrimento e experimentação na vida do aluno. O ideal é que essa relação fortaleça ao longo dos anos, cultivando transformações sociais e culturais, aproveitamento completo do rendimento escolar e desenvolvimento significativo de atributos individuais.


A família portuguesa - Tendências

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Fausto Amaro * ( adaptado )
O QUE É A FAMÍLIA
(..). Na clássica definição de Murdock “A família é o grupo social caracterizado por residência em comum, cooperação económica e reprodução. Inclui adultos de ambos os sexos, dois dos quais, pelo menos, mantêm uma relação sexual socialmente aprovada, e uma ou mais crianças dos adultos que coabitam com relacionamento sexual, sejam dos próprios ou adoptadas.”

(..) Instituto Nacional de Estatística que define a família como o “Conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco (de direito ou de facto) entre si, podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento. Considera-se também como família clássica qualquer pessoa independente que ocupa parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento."

ESTRUTURA E TIPOS DE FAMÍLIAImagem relacionada

O número médio de pessoas da família tem vindo a diminuir progressivamente. Em 1920 era de 4,2; (..) 2001 situava-se em 2,8. As causas são conhecidas e estão relacionadas com a queda da natalidade e da fertilidade.
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Alguns estudos em países da União Europeia têm chamado à atenção para um novo tipo de relacionamento conjugal conhecido na terminologia inglesa por LAT (Living-apart-together). Trata-se de casais que não tendo ambos qualquer outro vínculo conjugal, decidem fazer vida em conjunto, mas vivendo cada um na sua casa. Em Portugal não se conhece ainda a dimensão deste fenómeno.
Quanto a novas formas de família originadas na relação entre duas pessoas do mesmo sexo, elas não são referidas nas estatísticas.
(..)Resultado de imagem para living apart together


CONSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA
A família constitui-se quando duas pessoas decidem viver em comum debaixo do mesmo teto com o objectivo de manterem entre si um relacionamento sexual. A maior parte das pessoas constitui família através do casamento, mas nas sociedades contemporâneas tem sido crescente o número daqueles que constitui família através de uma união de facto e não de jura. (..)
Em Portugal, o casamento de jure  (pela lei)continua a ser a norma e muitos casais que começam a viver em coabitação vêm a casar mais tarde, geralmente por ocasião do nascimento do primeiro filho. O casamento é visto como estando associado a uma maior estabilidade e continua a ter grande importância na população portuguesa. Apesar da maior parte dos casais ter optado pelo casamento,
a idade em que este se realiza tem vindo a aumentar. No período de 20 anos, entre 1981 e 2001 a idade do primeiro casamento passou nas mulheres de 23,3 para 25,3 anos e nos homens de 25,4 para 27,1 anos.

(..)
A VIOLÊNCIA NA FAMÍLIA
Em Portugal o problema da violência na família apenas começou a chamar a atenção dos estudiosos nos anos 80. Entre as formas de violência mais estudadas contam-se os maus-tratos infantis cujo primeiro estudo de âmbito nacional foi publicado em 1986 sob os auspícios do Centro de Estudos Judiciários.Com base nos dados deste primeiro estudo foi estimada a prevalência dos maus-tratos físicos em 13 por cada 10.000 famílias; os maus-tratos psicológicos em 19 por 10.000 e a negligência em 30 casos por 10.000 famílias.
Quem eram os agressores? Para surpresa de muitos, os agressores eram os próprios pais. Estes apresentavam problemáticas caracterizadas por baixo nível de instrução, desemprego, alcoolismo e pareciam ter uma personalidade agressiva. O mesmo estudo identificou também casos de abuso
sexual que atingiam 1% as crianças maltratadas. As crianças, geralmente com idades entre os 9 e os 14 anos, eram abusadas por membros da família ou por pessoas próximas em quem a família confiava. (..)
 Um outro aspecto da violência na família é a violência sobre a mulher, geralmente referida como violência doméstica. Por razões de ordem cultural esta é uma área de maior dificuldade de investigação devido ao facto de haver uma menor sensibilidade social a esta forma de violência. A situação era e é de grande constrangimento social para a mulher que por vezes esconde o facto de ser agredida com receio do estigma social ou das represálias do marido sobre ela ou sobre os filhos.
 Elas são vítimas sobretudo de maus-tratos físicos e maus-tratos emocionais. Tal como acontecia no caso dos maustratos infantis, a principal característica associada ao agressor parece ser o alcoolismo, que estará presente, segundo estimativas em cerca de 70% dos casos.

* Professor e Director do Centro de Estudos da Família
do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas,
Universidade Técnica de Lisboa.

A família em portugal

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Há mais casais sem filhos, mais divórcios, mais agregados monoparentais. Há ainda os pais biológicos, os pais sociais, os novos meios-irmãos e os novos filhos que nascem do novo casal.
Uma mãe e um pai, casados pelo civil e pela Igreja, com um ou mais filhos a viver na mesma casa: este conceito tradicional de família está a mudar. Passados cem anos sobre a primeira lei do divórcio em Portugal, hoje, por cada dois casamentos há uma separação. Ter filhos deixou de ser uma prioridade e há cada vez mais famílias monoparentais.
Há uma média de 72 divórcios por dia em Portugal (2009),  ( 60 por dia em 2016 )contabilizou o Instituto Nacional de Estatística (INE). Há 50 anos, a média era de dois por dia. 
O conceito de família mudou. Segundo a Pordata, actualmente, os casais que optam por ter filhos são cada vez menos, uma tendência que confronta a tradição. Em Portugal, havia 2  224  100 famílias sem crianças em 2005. Três anos depois são 2 357 400 casais.
 E, note-se, em 2008, registou-se 90,4% de mulheres portuguesas sozinhas com os filhos, uma tradição que promete não mudar. A descer nas estatísticas estão os casais com filhos: passaram de 27,3% para 25,8% no nosso país.
As amarras do casamento tradicional deixaram de existir. Valoriza-se  a realização pessoal na procura pela relação e pela família perfeitas.
Há cada vez mais divórcios e a tendência será para continuarem a subir, acreditam os sociólogos. Quer isto dizer que o casamento e a família estão em crise? Não. Quer dizer precisamente o contrário: "As pessoas não se divorciam por deixarem de acreditar no casamento. Dão, isso sim, um sinal de crença reforçada no casamento", defende o sociólogo da família Pedro Vasconcelos. "Rompem com uma família para ir à procura de outra", reforça a socióloga Engrácia Leandro. Nas sociedades modernas, o objectivo é ser feliz.
Prova disso mesmo é o facto de muitas das pessoas que se divorciam procurarem novas relações e, muitas vezes, novas famílias. Segundo Engrácia Leandro, professora catedrática e investigadora do Centro de Investigação de Ciências Sociais da Universidade do Minho, "as pessoas colocam-se a elas próprias acima de tudo. É o processo incessante da busca da felicidade pela felicidade".
Ao contrário do que sucedia no passado (não muito distante, há algumas décadas atrás), em que "a vida estava programada de acordo com um modelo dominante de ideologia e moral familiar, hoje, a moral e a ideologia não são tão tradicionalistas. Há mais liberdade individual", explica Pedro Vasconcelos docente e investigador do Instituto de Ciências Sociais do Instituto Superior da Ciência do Trabalho e da Empresa (ISCTE) da Universidade de Lisboa. Com a modernidade veio a individualização e esbateu-se a rigidez dos papéis do homem e da mulher na sociedade e na família.
Assim, segundo a ideologia actual, "valoriza-se mais a relação e não a instituição. A conjugalidade deixou de estar articulada com o casamento institucional. A formalização da relação passou a ser irrelevante. Em suma, o que é central é a relação" - frisa o sociólogo. 
Num processo de mudança de mentalidades muito lento, casar deixou de ser - na generalidade - uma forma de aceder a um determinado estatuto social, "independentemente da realização pessoal", continua o mesmo investigador. Contudo, ainda hoje são mais comuns os casamentos entre pessoas de condição social semelhante, por exemplo
Não obstante a contagem de um divórcio por cada dois casamentos, no ano passado, a docente da Universidade do Minho afirma, sem margem para hesitações, que "hoje, valoriza-se mais a família". Engrácia Leandro sustenta-se nos mais recentes inquéritos locais, europeus e até mundias que colocam a família, quase sempre, em primeiro lugar. "Não é a família que está em crise", afirma a socióloga. "É o modelo tradicionalista de casamento", complementa o sociólogo da Universidade de Lisboa.
No mesmo sentido, a socióloga Sofia Aboim declarou, esta semana, à Lusa, que "houve uma transformação profunda na forma como as pessoas concebem o casamento. Não já algo a que estão amarradas pelo peso da tradição, mas algo com que podem acabar se não se sentirem individualmente satisfeitas na relação".
Mas, defende Engrácia Leandro, "a família  é o primeiro reduto de felicidade. É o lugar onde as pessoas são pessoas". Na família, as pessoas são o que são. Não são definidas pela sua profissão, pelo seu saldo bancário ou pelo número do cartão de cidadão. E "o conceito de família mudou muito profundamente. Ainda que não da mesma forma em determinados grupos sociais", acrescenta.
O aumento de divórcios, entre outros factores, conduziu ao aumento de famílias monoparentais. São cada vez mais. Mas "já nos anos 40 (do século passado) Portugal tinha a maior taxa de filhos fora do casamento", recorda Pedro Vasconcelos. Invariavelmente, a tradição ainda é o que era no que diz respeito ao progenitor que fica com os filhos - a mulher. Já o homem,  com menos encargos, tem maior facilidade em começar uma nova relação e criar uma nova família recomposta. "A mulher não tem tanta condição de entrar no mercado de casamento, porque é mais sobrecarregada com os filhos", confirma Engrácia Leandro.
 "Hoje tudo é pronto-a-comer, pronto-a-vestir e pronto-a-deitar fora". 
O individualismo e a busca da felicidade pela felicidade ditam, muitas vezes, o final de casamentos e relações após poucos meses de convivência. Nas sociedades modernas, recorde-se, o objectivo é ser feliz. Por vezes, custe a quem custar.
fonte : Jornal de noticias - noticia de Cláudia Luís 07 Novembro 2010 (adaptado )

terça-feira, 3 de maio de 2016

terça-feira, 26 de abril de 2016

Classes sociais - Sociologia

Classes e Estratos sociais

Optou-se por desenvolver esta parte no Arquivo, porque segundo o programa, deverá apresentar-se apenas a definição de classe social de João Ferreira de Almeida (organizador), sem referências ao contexto histórico.  
Conceitos relacionados: reprodução social, mobilidade social ascendente,  mobilidade social descendente, capital cultural
Ver estes conceitos no post Reprodução e mudança social

Estratos sociais
Pelo que se escreveu cima, o conceito de classes sociais confunde-se com o de estratos sociais, hierarquicamente sobrepostos, desde os inferiores aos superiores, reflectindo diferentes possibilidades de acesso aos bens em função do nível de rendimento. A sua representação gráfica resulta numa pirâmide, porque os indivíduos com maiores possibilidades de acesso aos bens são em menor número. 
Em Portugal são utilizadas as designações classe/estrato A, B. C, D e  E para evitar os termos alta, média-alta, média, média-baixa, baixa ou outros com significado discutível. Porém, estamos num domínio onde é corrente inventaram-se outros como fez estaprofessora brasileira
O bem-estar varia inversamente com o rendimento, como sublinham os economistas:
Em Sociologia observamos que os diferentes estratos sociais apresentam especificidades culturais que identificam as várias camadas sociais nos seus géneros de vida. Os sociólogos apontam outros critérios de estratificaçãoPoderemos distinguir os diversos estratos sociais, pela riqueza do vocabulário, pelas profissões desempenhadas, pela maneira de vestir, na ocupação dos tempos livres, pela localização e decoração da habitação, pelos tipo de conduta quando recebem ou se dirigem a alguém, pelos valores sociais objectivados pelo seu empenhamento no trabalho, na sociedade e na educação dos filhos.   
As desigualdades sociais gritantes são um dos aspectos mais revoltantes da sociedade capitalista, no entanto esta, graças à Escola ainda permite uma mobilidade social superior que os sistemas de organização social que o precederam: o esclavagismo e ofeudalismo









Classes sociais
As classes sociais não designam somente a estrutura funcional e económica da economia e da sociedade capitalista industrial, elas definem também os seres de classe, as identidades colectivas e individuais, as culturas e as comunidades” (Dubet, 2003:73). As classes são actores colectivos. A consciência de classe não pode reduzir-se só à consciência de identidade, porque implica também uma oposição, da classe a um adversário, definido por um repertório de classes. Elas supõem uma consciência da totalidade. As classes são “vontades”, disse Aron, elas são o coração dos movimentos sociais (ibidem). Uma boa parte da sociologia dos anos sessenta e setenta foi consagrada à suposta inevitabilidade histórica do colapso do sistema capitalista.  Esta  tarefa  arriscou-se frequentemente a não ser mais que uma ideologia quando a relação entre as categorias da experiência social e as da análise parecia demasiado distendida para ser credível (ibidem).

“Nas sociedades industriais, a classe social é um objecto total, explicativo e explicando, que se faz explicar e que se explica fazendo-se explicar. É causa e efeito” (ibidem).

A Sociologia utilizou trivialmente a classe social como a variável independente que mais fortemente predizia as condutas dos actores. Em Sociologia da Educação a relação entre o insucesso escolar e as classes populares será a mais célebre produção do determinismo, vitorioso nos anos dourados. Acompanhando a estabilidade do clima económico,  assistiu-se à generalização das classes no discurso sociológico, em simultâneo com o desenvolvimento dos sistemas nacionais de estatística,  porque a objectivação das classes sociais acaba por resultar da codificação das categorias sócio-profissionais. 

“A noção de classe perdeu parte da sua actualidade, em resultado das mutações sociais profundas no sistema de produção. No domínio das identidades, a cultura de massas corroeu as culturas de classe. Nas acções colectivas, os movimentos sociais não são hoje redutíveis aos movimentos de classes” (ibidem).

A realidade é hoje mais complexa, mais ambígua, mais porosa, mais plural. Os modos de identificação subjectiva encontram-se baralhados e a classe social já não é um indicador eficaz das atitudes e dos comportamentos. O género, a idade, o diploma, o estatuto do emprego, o percurso pessoal, a origem étnica, o bairro de residência permitem antecipar as disposições dos actores de maneira mais precisa e mais eficaz que a pertença de classe.

Apesar dos limites impostos à análise das classes sociais pela recomposição das sociedades, esta análise ainda se mostra pertinente em numerosos casos. Por exemplo, “em 2001, a probabilidade de um filho de empresários, dirigentes e profissionais liberais ser estudante universitário era “apenas” 7 vezes maior do que no caso de um filho de operários, enquanto em 1981 essa probabilidade era 35 vezes superior” (Machado, 2003:62). A análise permitiu observar que as desigualdades de acesso ao ensino superior se reduziram, coerentemente com a massificação que então se verificou (hoje se verifica?) neste nível de ensino. Simultaneamente, as transformações na estrutura social exigem a redefinição dos conceitos.

João Ferreira de Almeida, António Firmino Costa e Fernando Luís Machado têm  vindo a desenvolver uma tipologia de classes que designaram ACM[1]. O seu principal objectivo é observar a evolução da origem social dos estudantes universitários em Portugal. Propõem-na como “uma tipologia a testar, porque não faz sentido considerar uma tipologia de classes, por mais fundada que seja, nem como única nem como definitiva. As dimensões retidas dependem, em parte, do objecto de estudo; a elaboração e a aplicação empírica originam reconceptualizações; a realidade social é movente, impondo reajustamentos e reformulações” (Almeida et al, 1988:15).

“Do ponto de vista analítico, as classes sociais apresentam um paradoxo. São simultaneamente indispensáveis e improváveis. A utilidade das classes sociais está na sua capacidade de resistência à dissolução da ideia de sociedade e de estrutura social, indispensáveis à explicação dos fenómenos sociais. Sem estas imagens, apenas restaria uma justaposição de mercados colocando em actividade puros átomos individuais, uma simples estratificação ou justaposição de comunidades culturais” (Dubet, 2003:78). Por exemplo, os maus alunos sentem-se mais responsáveis pelas suas classificações que por qualquer injustiça social (?), mas à  Sociologia da Avaliação compete a compreensão do sistema de avaliação no contexto dos mecanismos de reprodução escolar, igualmente mecanismos de dominação e violência simbólica. Portanto, o conceito de classe social permanece útil quando se procuram delimitar os modos de dominação social e explicar a experiência dos actores (ibidem).  .

Uma questão controversa consiste na atribuição de classe social aos estudantes. “Uma das dificuldades específicas resulta de no caso dos jovens ser virtualmente bem mais significativo e caracterizador, do ponto de vista das classes, o respectivo trajecto futuroque o segmento que para trás deixaram” (Almeida et al, 1988:13). Esta observação não fará apenas sentido relativamente aos jovens universitários, uma vez que tem crescente importância a parcela dos alunos que ingressam no ensino superior, relativamente à que fica com o 12º ano de escolaridade. Portanto, também no 12º ano o futuro prospectivado adquire maior relevância que o passado, afinal ainda tão curto aos 17 anos.

Para ultrapassar a controvérsia acima apresentada, os autores distinguiram pertença de classe, de origem de classe, elaborando novos conceitos, como o de trajectória social, incluindo os segmentos passados, presente e futuro virtual. Partiram de uma “concepção multidimensional da estrutura de classes enquanto sistema de diferenças sociais presentes na estruturação de uma pluralidade de práticas socialmente relevantes” (ibidem). Esta flexibilização do conceito fez-se pela incorporação de três dimensões predominantes (volume das diversas formas de capital - económico, cultural e social -, respectiva estrutura e trajectória social) com dimensões secundárias de relevância variável (idade, género e localização geográfica). 

Quanto aos indicadores socioeducacionais, “devido à forte institucionalização estatal dos sistemas de graus de ensino, têm formas de operacionalização simples, embora constituam eles próprios sistemas de classificações sociais, muito menos transparentes do que possa parecer à primeira vista” (Machado, 2003:49), aspecto para cuja clarificação contribui a Sociologia da Avaliação.

Quanto aos indicadores socioprofissionais crê-se que a sua precisão seria maior se se tivessem tido em consideração as matrizes de construção da classe social adoptadas pela tipologia ACM. Conjugando os grandes grupos da CNP com a situação profissional (patrão, trabalhador por conta própria ou  trabalhador por conta de outrem) esta tipologia apresenta um menor número de categorias, paradoxalmente com maior relevância do ponto de vista das classes sociais.

A escola como agente de socialização








Segundo Demartis (1999), nas sociedades complexas, a transmissão de cultura impõe a presença de instituições especializadas, designadas a tal objectivo. Entãoa escola tem sido desenvolvida ao longo dos tempos, ocupando pois, um lugar privilegiado no processo de socialização dos jovens. Posto isto, podemos dizer que a escola é um lugar que a sociedade organiza para levar a cabo a socialização das novas gerações, (Pinto, 1999), que desempenha um papel fundamental na promoção do conhecimento social, no grande desenvolvimento que os indivíduos têm do mundo social e suas particularidades (Borsa, 2007). Na escola podemos aprender os processos específicos de socialização. É um local onde absorvemos comportamentos que são valorizados.
 Nem sempre a escola teve o valor que tem para os nossos dias actuais, esta sofre transformações ao longo dos tempos.
Podemos afirmar que, o papel da instrução representa um elemento desigual entre sociedades do passado e as sociedades industriais modernas. Nas sociedades pré-industriais o ensino referia-se á transmissão de um estilo de vida. Diferentemente, nas sociedades industriais, “a importância crescente de conhecimentos acumulados, a aplicação sistemática da ciência à produção e a complexidade da divisão do trabalho fizeram que a formação técnica prevalece sobre outras dimensões da educação”. (Demartis, p.154, 1999).
Podemos dizer que o desenvolvimento do ensino é consequência de uma maior qualificação profissional exigida pelos progressos tecnológicos. A mudança histórica da sociedade assente no sector primário, como a agricultura, criação de gado, de entre outras, para outras que se estabelecem na indústria, envolve a preparação de pessoal mais qualificado. O facto de haver necessidade de um aumento de competências profissionais, foi um factor que levou a todos os países (inclusive os de terceiro mundo) a alargarem o ensino a toda a população. Este acontecimento contribuiu para que o analfabetismo desaparecesse quase em toda a população dos países industrializados. Podemos então afirmar que, nas sociedades modernas a criança passa mais tempo na escola, verificando assim que esta vive um processo mais complexo de construção da sua identidade pessoal e social diferentemente das sociedades pré-modernas.
A escola não tem só como função o ensino, mas também tem como objectivo transmitir as ideias e valores que ajustam a conduta dos indivíduos, reproduzindo assim uma ordem social através da construção de comportamentos, em conformidade com os valores e regras sociais. Neste ponto, a escola completa o processo de socialização que a família inicia, considerando-se um importante instrumento de controlo social. (Demartis, 1999). 

http://midiaeinfancia.blogspot.com/2010/05/midia-como-instituicao-de-socializacao.html

terça-feira, 8 de março de 2016

Globalização e multiculturalismo






As pessoas têm direito a serem iguais sempre que a diferença as tornar inferiores; 
Contudo, têm também direito a serem diferentes sempre que a igualdade colocar 
em risco suas identidades. 
(Boaventura de Souza Santos)

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Artista chinês recria fotografia de criança síria encontrada numa praia turca


Ai Weiwei e a sua equipa aliaram-se ao fotógrafo Rohit Chawla e reproduziram a fotografia de Aylan Kurdi, a criança síria que foi encontrada sem vida numa praia na Turquia em setembro de 2015.

“Quando lhe disse ‘encontramo-nos no teu estúdio’, Ai Weiwei respondeu: “a costa é o meu estúdio”, contou ao jornal norte-americano Gayatri Jayaraman, editor da India Today que entrevistou o artista chinês. Em janeiro, Ai transferiu o seu estúdio para a Lesbos, um ponto importante para a entrada de sírios na União Europeia, de modo a chamar a atenção para a crise de refugiados. Desde então, tem passado os seus dias à beira-mar, ajudando as equipas de resgate e colecionando partes dos barcos para uma instalação.
“Ele é um grande artista mas, para mim, também parece uma espécie de Mahatma Gandhi. É muito caloroso e humilde, mas a sua presença naquela situação, enquanto chegavam refugiados cansados, molhados e gelados, foi colossal. E muito política”, acrescentou Jayaraman, que teve a oportunidade de ver o artista chinês a ajudar os refugiados junto à praia.
A fotografia de Ai Weiwei, que será publicada esta semana na revista indiana, integrou a exposição “The Artists”, que esteve patente este fim de semana na India Art Fair, em Nova Deli. “É uma imagem icónica porque é muito política, humana e envolve um artista muito importante como Ai Weiwei”, disse ao jornal norte-americano Sandy Angus, diretora da feira de arte. “A imagem é assombrosa e representa a crise de imigração e o desespero das pessoas que tentam escapar dos seus passados em busca de um futuro melhor.”

domingo, 17 de janeiro de 2016

Estatuto e papel social

Estatuto e papel social

Os sociólogos chamam papel social às expectativas da sociedade, relativamente ao nosso comportamento em cada circunstância particular. Chamam estatuto social ao lugar, ou posição, que determinado indivíduo ou grupo ocupa na colectividade, bem como o conjunto de comportamentos que esse indivíduo ou grupo pode objectivamente esperar dos demais, em virtude do papel social que desempenha.
O Papel Social é, assim, um conjunto de comportamentos próprios de um determinado cargo social esperados pela sociedade enquanto o estatuto social é um conjunto de comportamentos que um indivíduo espera da sociedade em função do papel social que desempenha
Quais são os principais factores que influenciam o estatuto social?
- Estrato social a que pertence;
- Ascendência: família de que o indivíduo provém ( nobre, rica, intelectual, etc.;)
- Situação económica (poder económico);
- Situação política;
- Papéis que desempenha;
- Meios que o indivíduo frequenta;
- Sexo
- Idade;
- Cor a pele; etnia;
- A religião.
Quando falamos de estatuto, falamos de Estatuto atribuído e Estatuto adquirido. O Estatuto atribuído é o lugar que cada indivíduo ocupa nos diferentes grupos a que pertence ou no conjunto da sociedade global, poder-lhe-á ser, inquestionavelmente, transmitido, isto é, atribuído. Assim acontece com o estatuto de filho, de herdeiro, o de monarca que ascende ao trono por via hereditária… Em todos os casos apontados, os indivíduos nada fizeram para terem direito ao cargo ou à posição social que ocupam.
O Estatuto adquirido, por seu turno, resulta de um certo esforço dos indivíduos para o alcançar. É o caso do indivíduo casado, com profissão, praticante de um desporto ou um candidato a um cargo político, por exemplo. Nestas situações, o indivíduo teve de agir para conseguir este novo estatuto.