Escolaridade média dos portugueses é a segunda pior da OCDE
30.05.2010 - 13:51 Por Clara Viana, Público
Transmissão intergeracional está a prejudicar performance portuguesa, mas a qualidade do ensino pode também não estar a ajudar
Em 50 anos, os portugueses mais do que duplicaram o seu tempo médio de permanência na escola, mas apesar deste salto Portugal continua a estar em penúltimo lugar entre os países da OCDE, mantendo assim a mesma posição relativa que ocupava em 1960, segundo confirmam dados da OCDE respeitantes a 2010 a que o PÚBLICO teve acesso.
A escolaridade média dos portugueses entre os 15 e os 64 anos que já não frequentavam a escola era, em 1960, de 3,15 anos. Na OCDE só a Turquia estava então pior. À semelhança de Portugal, também não conseguiu descolar desta posição: é a mesma que ocupa em 2010, apesar de a escolaridade média ter subido para 6,89 anos. Em Portugal, situa-se agora em 7,89.
O mesmo já não aconteceu, por exemplo, com a República da Coreia. Passou de 4,98 anos de escolaridade média em 1960 para 13,34 em 2010. Era o país com a quarta pior escolaridade média da OCDE. Agora está entre os dois melhores, disputando o primeiro lugar com o Reino Unido.
No seu relatório da Primavera, o Banco de Portugal (BP) confirmou o atraso português: apesar de a "alteração significativa" observada a partir dos anos 80 do século passado, "Portugal nunca conseguiu acompanhar os seus parceiros europeus no aumento do nível de qualificações da população activa". Isto sucede apesar da despesa em educação, em percentagem do Produto Interno Bruto, se situar, em 2006, em 5,6 por cento, muito próximo da média da OCDE que era de 5,7 por cento.
Para os autores do estudo do BP, o fraco nível educacional dos agregados familiares e as prioridades estabelecidas por estes poderão ajudar a explicar o fenómeno. Os filhos "têm um trajecto escolar fortemente influenciado pela experiência educativa dos pais. Portugal é um dos países da OCDE em que esta transmissão intergeracional é particularmente marcada", escrevem. Mas a qualidade do ensino e da formação de professores também deve ser equacionada entre as pistas de explicação para o fenómeno, adiantou Luísa Ferreira, conselheira do Banco Europeu de Investimento, numa conferência recentemente realizada em Lisboa.